Diretores da UPES são expulsos de escola em São Paulo
A diretora do Colégio Caetano de Campos, Maria Luiza não permite entrada de diretores da União Paulista dos Estudantes (UPES) e diz que "se tiver carro de som, vai chamar a polícia"
Os diretores da UPES (União Paulista dos Estudantes Secundaristas) Carlos Eduardo Pinheiro e Ismael Mota foram "convidados a se retirar", na última terça-feira (11), do prédio Consolação do Colégio Estadual Caetano de Campos, um dos mais antigos da capital paulista, inaugurado a 15 de janeiro de 1913.
Os líderes estudantis, que já realizam um trabalho com os estudantes há mais de um ano, entre eles a construção do grêmio, visitaram a escola com o objetivo de levar à diretora, Maria Luiza, uma proposta de gestão democrática.
"Ela nos recebeu, até estranhamos por que já sabemos da falta de democracia nas escolas de São Paulo. Apresentamos uma proposta para ampliar a participação dos pais, alunos e professores", disse Carlos, que também é Secretário-geral da UMES-SP (União Municipal dos Estudantes).
De acordo com ele, a diretora recusou a idéia alegando que o colégio está em processo de "revisão pedagógica". "Nós pleiteamos a participação do movimento estudantil. Acontece que mais uma vez a diretora recusou, dizendo que em um outro momento entraria em contato conosco", disse.
Ele conta ainda que quando o grêmio foi citado como possível participante do processo de revisão pedagógica, a diretora respondeu de forma incisiva: "O grêmio só me causa problemas".
"Tentamos negociar. A diretora se mostrou irredutível quanto a nossa presença na escola, então falamos que colocaríamos um carro de som na porta da escola para poder fazer o debate com os estudantes. A resposta foi bem clara. ‘Se vocês fizerem isso, vou chamar a polícia’", relatou.
Próximos passosIsmael adiantou à reportagem que haverá reunião com os integrantes do grêmio do Caetano de Campos marcada para esta semana. O objetivo é elaborar uma série de propostas relacionadas à gestão democrática, para ampliar a participação da comunidade escolar e também pensar soluções para problemas específicos da instituição.
"Logo depois das nossas propostas serem acertadas e discutidas com os estudantes vamos dar início as movimentações para instaurar de vez a democracia no Caetano de Campos", convocou.
Violência e tráfico de drogasAo longo de mais de um ano de trabalho no colégio, a UPES e a UMES-SP fizeram um levantamento dos problemas que um dos mais antigos colégios da região enfrenta. Além do alto preço dos uniformes, que custam R$ 20 e são obrigatórios, da má conservação dos banheiros entre muitos outros problemas, as entidades apontaram o tráfico de drogas como um dos principais.
"O tráfico trouxe para dentro da escola um programa chamado Jovens Construindo a Cidadania, o JCC, que consiste no recrutamento feito pela Polícia Militar de pessoas com idade acima de 18 anos para fazer patrulhamento. O JCC já gerou casos de violência contra alunos, segundo relatos que ouvimos".
O EstudanteNet tentou por três vezes entrar em contato com a diretora do colégio. Na primeira vez, um atendente informou que ela não estava em sua sala. Na segunda, atendia a mãe de um aluno. Na terceira tentativa o número deu sinal de ocupado.
Da Redação
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